quarta-feira, 21 de julho de 2010

.:: Releitura ::.

Pertenço ao meu retiro aflito e posso ver a diafaneidade do vidro que forma a redoma dentro da qual sobrevivo.
Meu sorriso angustiado lacrimeja um pranto que, apesar de cinzento e silencioso, se vê coberto de recordações coloridas e iluminadas.
As janelas do passado, apesar de fechadas, permanecem acesas e, assim, posso ver por entre as frestas, uma luz incandescente, um fulgor incessante. E é do calor daquela e do brilho deste que abasteço minha existência. O choro torna-se a lenha que faz arder a chama do tempo decorrido. As lembranças são aquelas brasas que insistem em revelar-se por entre as cinzas, uma vez apagada a grande fogueira.E cada lágrima faz brotar faíscas, estas não me fazem menos feliz. Ao contrário, são capazes de me transportar até a fonte de felicidade que ficou em alguma cena do que esvaiu-se em páginas viradas de um livro inacabado. Sei que relê-las não é regredir.