quinta-feira, 27 de maio de 2010

.:: EXPERIÊNCIA ONÍRICA ::.


Acordei só, sem mim, sem felicidade e nem dor.
Estava entorpecida, havia perdido o vigor.
Não enxergava a luz, tampouco a escuridão.
As vibrações do mundo ao meu redor já não eriçavam minha pele.
Era como se estivesse neutra, esquálida, morta. Dormente, isolada, interrompida.
Afastada da convivência, incomunicável e patética aos olhos de quem me visse.
E era eu que via a mim mesma, pois estávamos desagregadas. Éramos duas estranhas.
O eu que me olhava era crítico, me escarnecia, negava minha existência.
Até sentia pena de mim, da minha sordidez, do quão figurava diáfana sobre a cama.
O eu que me observava já estava farto de mim. Arrodeava meu corpo deitado como uma fera que escolhe sua presa. Ansiava adentrá-lo, invadí-lo subitamente. Desejava dar tudo de si a mim.
É que eu já não tinha forças para ser sozinha eu mesma. Estávamos cansadas de sabê-lo.
Eis que, então, assenhorei-me do meu corpo. Minha face ruboresceu e já conseguia sentir aromas, sabores, paisagens. Não quero mais perder-me de mim, a parte que fica é sempre a mais frágil, a mais quebradiça. E a rijeza que se vai, tem de voltar para que eu possa viver.