sexta-feira, 16 de abril de 2010
.:: Eis que a "Cuca" vem nos pegar ::.
Quando somos crianças, vemos arco-íris por todos os lados. Montes multifacetados, carrosséis e algodão-doce. Somos sinceros, sorrimos ou choramos quando bem queremos. Mas um dia, não sabemos ao certo qual, nossa inocência é malbaratada. Perdida, talvez roubada, ofusca-se. E a vida verte-se em armadilha, veste-se de perfídia.
A ignorância do mal tão característica passa a fazer parte do passado. O mal, então, torna-se objeto de desejo da maioria e de curiosidade dos que menos o praticam.
E fechamos as janelas e portas para não sermos atacados. Já não existem palhaços, bonecas , nem carrinhos de rolimã. Tudo são exigências, perseguições e responsabilidades. Não admite-se deslizes, estes são para os fracos ou para os bobos. E que felizes éramos quando bobos! Que poder detínhamos sobre os astutos. Agora enquanto sagazes detentores da experiência de vida, somos uns pobres tolos. Vivemos à mercê de uma busca incessante pelo sucesso e dinheiro, pelos amigos, amores e paixões, pelos perdãos e o reconhecimento. “Para quê?” Pode alguém vir a perguntar. Não é tampouco algo que saibamos por que acontece. Simplesmente tem de ser assim. Mais proveitoso era buscar formigas no quintal e dançar ridiculamente no meio da sala de casa. Daria tudo por um pouco mais de infância, por dormir menos e brincar mais na areia, poder assim deitar nódoas em meu vestido branco e caminhar imperiosa pelas ruas, sem ser criticada. Penso um pouco e consigo lembrar de quando catava seixos na praia de Boa Viagem para vendê-los, cada um, à cinco centavos. Como me sentia adulta! Que ingênua. Era indescritível comer batatas fritas em frente ao colégio e passar as mãos repetidas vezes pela farda, para desespero da minha mãe. Todo o medo que sentia resumia-se a uma velhinha na forma de jacaré, a tal Cuca.
E, levando em consideração os acontecimentos da maturidade, parece que ela é bem mais feia do que imaginava em meus pesadelos. “Saudade” é a palavra certa, a única que se encaixa com perfeição ao contexto. Estou certa de que cada um dos que lêem este texto podem lembrar-se de pequenas tolices de criança das quais sentem muita falta. Sorte que esta não deverá ser minha última vida, quero ainda viver muitas infâncias para aprender a valorizá-las tal como deve ser.
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Ler o que você escreve aqui alimenta meu espiríto,minha alma,é um lugar onde encontro uma parte sua,onde posso me emocionar e sentir você.Adoro seus textos minha rainha
ResponderExcluirCom amor,
Thiago Modenesi
Obrigada pelas palavras, meu amor! :)
ResponderExcluirpor isso queremos tanto ter filhos, é nossa forma de prolongar a nossa própria infância.
ResponderExcluirmuuuito bom, bem nostalgico! =D [layon]
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